Educação em baixa

Analfabetos no Brasil representam 7,3% da população, enquanto universitários somam apenas 3,4%

Uma pesquisa realizada pela Organização das Nações Unidas (ONU), analisada pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), referente à educação, revelou que o Brasil está atrás de cinco países da América Latina.

De acordo com o estudo, que analisou 169 países, o Brasil ficou com a 73ª posição na colocação mundial, atrás de Chile (45ª), Argentina (46ª), Uruguai (52ª), México (56ª) e Peru (63ª).

A pedagoga Dayana Dutra da Silva Trindade, graduada pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), especializada na educação de jovens e de adultos, afirma que os números são alarmantes e que o Brasil ainda precisa crescer em vários aspectos. “Um dos mais importantes é a educação. Observamos que, ao longo dos anos, ela vem acompanhando os modelos políticos e econômicos, o que dificulta o processo educativo”, declara.

A especialista salienta que o problema é agravado pela falta de continuidade. “Os governantes não mantêm os projetos das gestões anteriores, criando, assim, uma grande rotatividade de vigências educativas. Além disso, há má distribuição de renda, alto índice populacional e o fator rural, que agravam o problema, pois muitas pesquisas mostram que onde existe grande concentração rural há também alto índice de analfabetismo”.

Analfabetos
Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2009, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os analfabetos no Brasil somam 7,3% da população total (191,7 milhões). O levantamento aponta ainda que o índice de analfabetismo entre indivíduos com idade igual ou acima de 15 anos caiu de 10% para 9,7% entre 2008 e 2009. Entretanto, embora tenha ocorrido esta redução, o número é insuficiente, pois o índice de analfabetos no País era de 14,1 milhões, em 2009, sendo grande parte homens, acima de 25 anos, que vivem na região Nordeste.

“É necessário que se exijam melhores condições para o sistema educacional. Além disso, tem-se no País um grande número de pesquisadores educacionais que, certamente, poderão enriquecer os métodos utilizados atualmente. Com investimentos e melhorias necessárias, será possível alcançar metas bem mais razoáveis do que as atuais”, comenta Dayana.

Números da Pnad mostram que apenas os estados do Ceará, Pernambuco, Sergipe e Alagoas, localizados no Nordeste do Brasil, reúnem 7,3 milhões de analfabetos, o maior índice do território brasileiro. Mesmo assim, os estados nordestinos são os que mais cresceram na luta contra o analfabetismo entre 2008 e 2009 – cerca de 140 mil pessoas que antes não sabiam ler hoje estão alfabetizadas.

No Brasil, 8,2 milhões de pessoas necessitam de alfabetização para que a meta de apenas 4% de analfabetos seja batida até 2020. Este número é aceitável pela Organização das Nações Unidas para a Educação (Unesco). Caso alcance a meta até 2020, o País passará a ter 5,8 milhões de indivíduos que não sabem ler nem escrever.

A pedagoga explica que, se for tratada como meta máxima, com certeza o êxito será alcançado. “Com novos métodos educativos, acesso à tecnologia nas escolas, aumento do PIB destinado à educação e um maior número de escolas públicas, torna-se mais fácil atingir a meta”.

Universitários

De acordo com dados da Pnad, o Brasil tem apenas 6,5 milhões de universitários, 3,4% da população.

Números referentes a 2009 mostram que as matrículas em universidades brasileiras nas regiões Sudeste e Nordeste, representam cerca de 65%. Elas reúnem estudantes de graduação, mestrado e doutorado.

Dayana concorda que o acesso às universidades ainda é um privilégio para poucos e que mesmo com a implantação do Programa Universidade para Todos (ProUni) e dos outros métodos para ampliar o acesso às redes universitárias, ainda há muito a se fazer. “É indispensável que se mantenha um sistema sólido no que diz respeito à educação. Somente quando houver uma união estável entre os políticos em exercício, poderemos ‘girar’ o ciclo da educação”.

Ela defende como deveria ser a trajetória educacional dos brasileiros. “Os indivíduos precisavam iniciar sua vida estudantil (ensino fundamental) nas escolas do município, depois, na época do ensino médio, passar para um colégio estadual e, por fim, ingressar na faculdade, finalizando, assim, o ciclo escolar. Somente desta maneira teríamos números mais favoráveis para a educação brasileira, pois estaríamos não só alfabetizando, mas dando acesso e continuidade ao estudo para milhões de cidadãos do País”, conclui.

Agência Unipress Internacional

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