A trajetória de Barack Obama

A história vitoriosa do 44º presidente dos Estados Unidos representa, para muitos, a concretização do sonho do pacifista Martin Luther King, símbolo da luta contra a divisão racial norte-americana



A chegada do democrata Barack Obama, de 49 anos, à Casa Branca, como o primeiro presidente negro dos Estados Unidos (EUA) - o 44º do país - parece ter transformado em realidade o sonho do pacifista Martin Luther King, que lutou arduamente durante muitos anos pelos direitos civis e pela igualdade racial. Em 1963, no seu famoso discurso “I have a dream” (eu tenho um sonho), o pastor e líder do movimento negro proclamou que sonhava um dia viver em uma nação "onde as pessoas não fossem julgadas pela cor da pele, mas pelo caráter". Para muitos norte-americanos, principalmente os negros, a meteórica ascensão de Obama ao poder simboliza a materialização deste sonho.


Filho de um homem negro do Quênia e de uma mulher branca norte-americana, Obama conta, em um trecho do seu livro autobiográfico – A origem dos meus sonhos –, que, em 1960, ano do casamento de seus pais, a miscigenação racial ainda era considerada um crime grave em mais da metade dos EUA. “Em muitas regiões do sul, meu pai poderia ter sido enforcado em uma árvore só por olhar para minha mãe”, lembra.

O casamento deles, no entanto, não durou muito tempo. Quando tinha cinco anos, seus pais se separaram e, pouco tempo depois, sua mãe casou-se novamente com um indonésio. Por conta disso, Obama passou parte da infância na Indonésia, onde frequentou uma escola tradicional muçulmana. Ao retornar para o Havaí, já adolescente, passou a viver com os avós maternos.

Sua família paterna é de origem muçulmana, religião que muitos norte-americanos associam negativamente ao terrorismo. Já adulto, ele converteu-se ao cristianismo e é membro da Igreja Batista da Trindade Unida em Cristo, em Chicago (EUA).

Dono de um bom histórico escolar, formou-se em direito pela tradicional Universidade de Harvard, no estado de Massachusetts, local onde conheceu a esposa Michelle, com quem se casou em 1992. Juntos, eles tiveram as filhas Malia, de 9 anos, e Sasha, de 6.

Carreira política e presidência
Antes de entrar para a política, Obama exerceu liderança comunitária e atuou como advogado na defesa de direitos civis em Chicago. Em 1996, foi eleito membro do senado estadual de Illinois, tendo permanecido no cargo até 2004. No ano seguinte, tornou-se senador dos EUA e, em 2008, disputou as prévias para a escolha do candidato à presidência do seu país pelo partido democrata com a atual senadora Hillary Clinton. Ela, ao perceber a ascensão do adversário, desistiu da vaga declarando apoio a ele.

Durante sua campanha presidencial, não fez questão de utilizar o rótulo de presidente negro, comumente usado por seus simpatizantes e pela imprensa de modo geral, pois não queria ficar estereotipado como candidato de um único eleitorado.

Com o slogan de campanha “yes, we can” (sim, nós podemos), Obama foi eleito presidente dos EUA em 4 de novembro de 2008, derrotando o também senador John MacCain. Uma de suas frases após o resultado das urnas é considerada histórica: “Se existe alguém que ainda duvide que os Estados Unidos sejam o lugar onde todas as coisas são possíveis, que ainda questione a força de nossa democracia, a resposta está aqui, esta noite”, declarou ele em seu primeiro discurso.

Obama tomou posse como presidente em 20 de janeiro de 2009 e, desde então, tem procurado enfatizar em seus discursos questões como a preocupação com o sistema de saúde, a posição contrária à guerra do Iraque, o uso da diplomacia para resolver conflitos com países como Irã, além do desarmamento nuclear.

Pelos esforços para reforçar o papel da diplomacia internacional e a cooperação entre os povos, em 2009, Obama recebeu o prêmio Nobel da Paz – apesar de algumas críticas – o mesmo recebido por Martin Luther King, em 1964.

Por conta da sua história pessoal, filho de pai negro, mãe branca e com padrasto asiático, é considerado um líder mundial de perfil unificador. Isso lhe dá facilidade para transpor barreiras raciais. Ele próprio até já brincou com essa questão, no programa da popular apresentadora estadunidense Oprah Winfrey: “Nossos jantares de família são sempre uma mini-ONU (Organização das Nações Unidas), com parentes de todas as etnias", declarou.

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